quarta-feira, 30 de julho de 2014

Valeu a pena ir para Dublin?

Sempre me surpreende receber e-mails ou comentários no blog, o pessoal que aparece aqui geralmente não é muito de interagir. 

Daí que nas últimas semanas tenho recebido consultas sobre a vida em Dublin, em comum as pessoas querem saber: e aí, valeu a pena?

E eu fico um pouco desconcertada porque sei que esse valeu a pena envolve muitos aspectos, em especial o aprendizado na língua estrangeira. Basicamente as pessoas querem saber se eu voltei fluente depois dos 6 meses de curso.

E aí entra a primeira dificuldade: o que é fluente para você?

Hoje estava lendo um texto da Bá, professora de inglês e blogueira no Barbaridades, que veio a calhar com esse tema e acho que se você está pensando em fazer intercambio, deve mesmo dá uma lida nesse material.

É fundamental ter um objetivo em mente, principalmente se você tiver um inglês precário, pois manter o foco após a chegada na Irlanda será uma das principais barreiras que você irá enfrentar. 

Será muito fácil ceder ao que é fácil. Será muito fácil ficar numa zona de conforto e não se arriscar. E ninguém quando faz um planejamento de intercambio pensa em gastar toda essa grana para ficar acomodado e não viver novas experiências, né?

Quando digo que fico desconcertada para falar do intercambio é porque não sinto que me enquadro tanto no perfil de intercambista, eu viajei já formada, independente, perto dos 30, casada, a Irlanda seria o terceiro país que viveria fora o Brasil.

Queriamos sair da rotina, experimentar, viajar e como meu inglês era muito ruim, a ideia de ir a um país de língua inglesa casou bonitinho, iamos viver novos ares e eu ia aproveitar para dar uma melhorada no idioma.

Nesse sentido, coloquei como objetivo perder a vergonha de falar inglês e prestar o FCE após um ano de vida em terras irlandesas. Pensei com meus botões que era o requisito que todas as ofertas de trabalho que eu me candidatava exigiam e eu não cumpria. 

Eu não fiquei um ano certinho em Dublin, tampouco prestei o FCE ou perdi a vergonha de falar inglês. 

Mas avaliando a minha história, valeu muito a pena, faria novamente por todo o pacote que vivi e aprendi. Aliás, até hoje existe a dúvida do voltar ou não voltar a ilha.

Agora avaliando friamente a questão linguística: não, eu não precisava ter saído de casa para estar com o inglês que tenho hoje. 

Eu poderia ter investido todo o dinheiro do meu rico trabalhinho num curso de inglês da escola do bairro e passado um tempo conquistaria o mesmo nível que tenho hoje, que não é aquele inglês porretão que as pessoas costumam imaginar quando sabem que alguém morou fora, longe disso inclusive. 

Acho um mito acreditar que só o fato de morar fora vai te deixar fluente no idioma, seria lindo se a gente aprendesse tudo apenas por osmose, mas ó, tem que sentar a bunda e estudar, seja no Brasil ou na gringa.

Hoje consigo entender que a diferença entre o meu aprendizado no espanhol e inglês é marcada pela dedicação que dei a uma e outra língua, estudei muito mais espanhol do que inglês e esse detalhe é perceptível na minha forma de falar os idiomas, independente do fato de ter morado três anos num país de língua espanhola ou 10 meses num país de língua inglesa.

Se é possível alcançar um objetivo em 6 meses de curso? Depende do que você se propõe! 

Só você vai poder correr atrás e dizer, mas tendo a chance nas mãos, é gostoso fazer valer a pena.

Abraço! ;)

2 comentários:

  1. Adorei o texto, Jami! Acho muito legal quando vejo pessoas que compartilham dessa mesma opinião, porque ela é real, é um fato, não é balela nossa. Dedicação (e outras coisas também, não sejamos hipócritas) faz a diferença.

    Sobre o meu parênteses ali: se você gosta do idioma, se tem facilidade, etc, etc, lóóóóógico que será mais fácil. Você mesma já que comentou que tinha professores/turmas de espanhol muito legais, isso dava um ânimo, você gostava do idioma - e estudou. Tudo fluiu e você virou fluente!

    Acho que toda experiência é válida, com certeza. Mas é importante ser honesto consigo mesmo.

    Você podia postar todo dia que eu estaria aqui. Adoro seu blog!

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  2. Bá querida! <3

    Muito obrigada! Pois é, acho que se enganar é a maior bobagem, encarar a realidade e os erros é o melhor caminho para mudar, aprender, melhorar...

    Beijo!

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