quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Uma semana em Bali

Sempre pensei em Bali como o paraíso na terra, não conhecia quase nada de lá, mas imaginava uma ilha simpática com muito sol, ondas gigantes e muitos surfistas. 

Nessa viagem a Ásia nosso destino certo era a Tailândia, mas armando o roteiro vi que Bali ficava logo ali, já pensou que sonho unir Tailândia e Indonésia numa mesma viagem de férias? Pesquisamos um pouquinho e tcharam: era viável conhecer a ilha dos deuses também, que alegria!

Desde então a música Padang Padang não saia da minha cabeça, coisa de quem cresceu na Bahia e pulou alguns carnavais. 

Mas ao contrário do que pensava, Bali não era uma unanimidade, em muitos relatos as pessoas reclamavam do trânsito caótico, das praias que não eram lá essas maravilhas, do turismo massivo, da dificuldade de ir de um ponto a outro da ilha, dentre outras coisas. 

Fiquei confusa porque era tanta informação que chocava com aquela ideia de ´férias no paraíso tropical' que eu queria, ainda assim resolvemos pagar para ver e reservamos uma semaninha para morrer de amores - ou não - pela ilha.


Mochilão Bali Sudeste Asiático Dezembro

Com uma visão mais objetiva, a viagem ficou mais fácil. Percebi que não chegaria numa ilha pequenina, climão pé na areia- faço tudo andando: Bali é gigante. E tem trânsito, um trânsito caótico mesmo, com pouca sinalização, congestionamento, muita moto e vuco-vuco

Ir de um lugar a outro nem sempre é rápido, logo uma parada de 3 ou 4 dias rende muito pouco, detesto definir dias para viagens, mas arriscaria dizer que uma semana seria o tempo minimo de estadia.

O sudeste asiático é roteiro de muita gente que faz uma volta ao mundo, tira um ano sabático e pode desfrutar todas essas maravilhas sem pensar no tempo, então você vai ler muita gente pregando esse estilo como a única alternativa para conhecer e absorver as delicias e mistérios desse continente. 

Mas se ainda não chegou a sua vez de cair no mundo sem olhar o relógio e você está aí só com X dias de férias do trabalho, não se desespere porque dá sim para ser feliz em poucos dias, dá sim para viver lindas experiências do outro lado do mundo sendo apenas turista.  

Entendi que a Ásia era um novo mundo, um mundo rico em sabores, cores, cheiros, sons, cheio de possibilidades, eu poderia passar uma vida tentando aprender e compreender essas diferenças e viajei com muita sede de experimentar, mas sem a pretensão de ver tudo ou sair especialista na cultura deles, sabia que o tempo era curto e deixei de me cobrar, queria só viver e foi lindo. 




Nos próximos posts contarei sobre nossos dias em Bali:

- Hospedagem - Dividindo a semana em Seminyak e Ubud

- Seafood Barbecue em Jimbaran

- Ubud, a outra cara de Bali
Cafe Lotus, Monkey Forest e os campos de arroz

- Pandawa Beach, a surpresa de Bali
E ainda a praia Padang Padang e o fim de tarde no Uluwatu Temple

- Outros templos que visitamos em Bali: Tanah Lot, Ulun Danu, Pura Tirta Empul e Kawi Temple

- O famoso café - tido como o mais caro do mundo - de caquinha de Luwak, para turista ver

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Pensei que nunca ia conseguir falar sobre a viagem, mas olha os posts saindo rs.

Até breve! ;)

O que não dizer a uma mulher grávida - Parte 2

Estou a 20 e poucos dias de dar à luz e os hormônios fazendo a festa no estado emocional da pessoa.

Tinha tanta coisa para contar, registrar mesmo num diário de gravidez, imagino que seria lindo um dia poder ler tudo que senti nesse momento tão especial, mas o tempo passou tão rápido, gente! 

Não escrevi nada, não tirei mil fotos do barrigão para fazer várias sequências bonitinhas, mas vou tentar fazer uma cartinha para a Gabi contando a nossa história, como vivemos a chegada dela e guardar por muitos anos até ela poder ler sozinha e entender todas as coisas lindas que trouxe para nossas vidas. 

                          Com 6 meses, depois só fotinha no espelho com o celular!


Pois bem, já que não rolou o diário, hoje voltei com a Parte 2 do que não dizer a uma mulher grávida porque sim, meus caros, as pessoas se superaram nos comentários e eu não resisti em dividir essas perolas rs.

Vem fazer poker face comigo, vem! :)


- Você quer OUTRO filho? Rá, deixe nascer o primeiro... 

Até pouco tempo atrás eu não pensava em ter filhos, não por um tema de filosofia de vida, e sim porque parecia uma ideia muito distante da minha realidade, eu era a estranha da família que andava viajando e era meio desengonçada com crianças, achava que seria sempre assim rs.

Na verdade continuo estranha e sem jeito com os pequenos (há quem diga que eu carrego bebês com cara de susto e com a destreza de quem segura uma batata quente), mas muita coisa mudou na minha forma de ver o mundo. 

E como casal, chegou um momento na nossa vidinha que simplesmente desejamos ser pai e mãe e tudo fluiu tão maravilhosamente bem que já na primeira tentativa recebemos nossa Gabriela, a maior alegria de todos os tempos!

Tanta felicidade que óbvio pensamos em viver isso novamente, sonhamos com um irmãozinho(a) para Gabi no futuro.

E aí vem a chatice alheia quando as pessoas perguntam e descobrem que não queremos parar por aí, que não somos casais modernos de filhos únicos, parece que está fora de moda ter mais de um filho, sei lá.

Um festival de histórias desgastantes e sofridas de pais de crianças que dão trabalho

Comentário desnecessário, não é da conta de ninguém se fulano que ter um filho, dois, dez ou nenhum.  


- Ainda bem que você viajou bastante porque depois que o bebê nasce...

O mundo acaba, você não terá mais vida, será um zumbi trocando fraldas e nunca mais viverá ou terá prazer se não for através da felicidade e prazer do seu filho. 

Ah vá, faça-me uma vitamina de abacate e massagem nos meus pés. 

Preguiça imensa de quem vê o mundo assim, é muita amargura, sai pra lá!

Entendo que as coisas mudam, mas acho que a palavra é adaptação. É claro que não vou cruzar o deserto de sal na Bolívia com Gabriela pendurada numa teta, mas né? Há tantas possibilidades, há tantas formas de viver e encarar as coisas.

No mês passado vi amigos compartilhando essa imagem loucamente e só pensei: sabem de nada, inocentes! 


Estou parindo e os planos de viagens seguem firmes e fortes. Muito em breve cairemos os três nas estradas desse mundão para desespero dessa turma apocalíptica. Muah!


- Ah, menina é mais legal, as coisas são tão mais lindas!

Vou ter um bebê, não um boneco enfeitado. Não piro nessa coisa mundo-rosa-encantado-de-frufru e acho chato quando tentam me convencer nesse lance de rosa para menina e azul para menino.

Evite essa fofurice aguda por um mundo menos sexista, sério.


- Quantos kg você engordou?

Já tinha comentado na Parte 1 da galera que fica naquela de dizer se você está gorda/magra. Daí na reta final da gravidez as pessoas fazem essa pergunta para dar o veredito final fundamentado em números rs.

E eu continuo achando deselegante entrar em tantos detalhes. 

Sei que agora é cool engordar pouco, tem mamãe bombando nas redes porque ficou linda e magra na gestação, engordou só 8 kg! Uau! E todo mundo acha bacana elogiar e comentar o caso.

A maioria das mulheres engordam o dobro disso e é normal, gente. Estranho mesmo é dar parabéns a uma mulher que engordou pouco. Que porra de mundo é esse?


- Parto normal? Você é louca! / Que coragem! / Quero ver quando tiver se lascando de dor!

Engraçado que no início da gravidez eu não me preocupava como o bebê ia sair, era tanta coisa nova na cabeça que o parto parecia uma coisa tão distante.

Lembro que a Bá comentou comigo que assistiu o documentário 'O renascimento do parto' e trocamos umas figurinhas sobre isso. Quando chegou o momento de buscar sobre o parto, comecei a ler um monte de coisa, me emocionei - até hoje choro horrores - com cada relato de parto e descobri que acreditei muito tempo numa cilada.

A vida inteira fui induzida a imaginar o parto normal como algo brutal, uma barbaridade que só mulheres pobres e sem opção eram obrigadas a enfrentar. Uma injustiça social. Normal mesmo era agendar uma cirurgia e ter toda atenção médica. Foi assim que eu nasci, foi assim que a nova geração de bebês da família nasceu.

Mas com informação a gente vai longe, desmitifica o parto, a serenidade toma lugar afastando os medos e a gente escolhe o caminho que melhor nos convém. Isso é lindo, essa relação com meu corpo e com a vida foi umas das coisas mais emocionantes de construir, aprender.

Não foi fácil lidar com os comentários das pessoas achando um absurdo minha decisão, ouvi absurdos de pessoas muito próximas, desde 'isso é coisa de gente sem informação e miserável', 'não sei pra que sofrer tanto se já inventaram coisa melhor' até 'você vai ficar folgada', em outras linhas 'você vai perder o marido' porque tem gente que acha que uma relação está estabelecida entre um pau e um buraco. Pronto, falei.

Fica a dica de pesquisar antes de falar besteira, né? :P

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Devo estar esquecendo de mais comentários sem noção, mas acho que esses ilustram bem as coisas loques que ouvi nesses quase 9 meses. 

E sim, ouvi muita coisa linda também, da mesma forma que o barrigão desperta esse lado maluco nas pessoas, há quem se derreta todo e fique mais doce e gentil. Sentirei saudades dos estranhos puxando papo e de ter prioridade nas filas hehe.

Quem sabe volto para contar como foi a chegada da pequena!? Estamos esperando o dia num misto de ansiedade, alegria e muito amor!

Abraço!

quinta-feira, 31 de julho de 2014

As 10 cidades/países que eu quero visitar

Sabe aquele post sobre as 10 cidades mais bonitas que eu visitei? Escrevi cheia de nostalgia, foi um passeio gostoso relembrar cada lugarzinho que passei e aí o bicho da viagem ficou doido gritando os lugares que pre-ci-so conhecer ainda nessa vida.

Eu sei que ainda vai demorar para cair na estrada novamente, mas acho uma delícia ter vários destinos na manga


1- Machu Picchu, Peru

O lugar é tão minha cara e acho que já falei tanto dele que minha mãe outro dia estava me perguntando o que tinha achado da viagem porque ela tinha assistido um programa na tv que falava de lá e tinha ficado encantada.

Respondi que nunca tinha ido e ela disse: "não acredito, tinha certeza que você já conhecia!". Ela as vezes se perde com meus destinos, era engraçado contar os lugares que passava na Ásia, "Onde? Koh o que, menina?".

Não é difícil explicar a presença de Machu Picchu numa lista de viagens, né? Vejo essas fotos e sinto uma energia inexplicável, uma coisa que me diz 'venha sentir isso de perto'.



2- Praga, República Checa

Não sei quando começou esse caso de amor com Praga, só sei que vira e mexe estou suspirando pela cidade. 

Já tentei organizar essa viagem algumas vezes, mas sempre dá alguma coisa errada só para me deixar mais ansiosa e aumentar as expectativas do grande dia  rs.

3- Caribe

Não importa qual praia do Caribe, basta qualquer uma daquelas de folheto turístico com mar super azul e transparente rs.

Quando viajo gosto de bater perna, explorar o lugar, então nunca me apeteceu muito cruzeiros e super resorts que você não faz nada curte a estrutura do hotel e a praia em frente.

Mas não sei, de uns tempos pra cá a ideia de ficar uma semaninha de perna para o ar, tomando bons drinks e jacando no all inclusive numa praia de areia branca e mar azul de doer os olhos tem feito aparecer um sorriso no meu rosto.



4- San Francisco, EUA

A terra do tio Sam não me chama a atenção, sempre tive preguiça das viagens compras-ostentação e torço o nariz para o american way of life.

Mas essa chatice minha não abrange a Califórnia, na minha cabeça maluca é como se San Francisco e região fosse uma coisa diferente.

Me vejo feliz andando pela Califa, uma coisa meio seriado adolescente (The O.C?), meio vou viver a vida sobre as ondas.

O clima da cidade super me atrai, tenho duas amigas morando lá e a vontade de ir só cresce. 

Agora fico com preguiça mesmo é de preencher todo o formulário e pagar taxa para tirar o visto americano...

5- Nova Zelândia

O mesmo problema que eu tinha com a Ásia, eu tinha com a Oceania. Achava bonito, legal, bacana, massss tão fora da realidade, longe e caro. 


Aí fui para a Ásia e vi que sim, é longe, mas com disposição e planejamento dá para ir. E então cai de amores pela Nova Zelândia, tanto que até me vi pesquisando coisas sobre morar lá!

É um destino que sonho com uma road trip. Vi essa matéria no Nômades Digitais e preciso dizer que sonhei em largar tudo e viver numa van rosa com Pablo e a pequena Gabi?

6- Croácia


Eu simplesmente não sabia que a Croácia era linda até ver as fotos do mochilão do Pablo pelo Leste Europeu anos atrás. Fiquei encantada e louca para conhecer.

7- França

Porque já falei que pago pau para a França rs. Não consigo definir uma só região, então o que vier da França já tá no lucro. 

Na verdade, depois da gravidez fiquei pensando nas futuras viagens com bebê/criança e achei que uma road trip seria bem interessante para a família toda. 

E aí fiquei toda animada em desbravar a França num motor home, muito amor, a cara das comédias francesas mais ou menos que assisto rs.

8- Deserto do Atacama, Chile

Minha primeira viagem sozinha foi pela América do Sul e talvez isso tenha despertado essa paixão por destinos no continente, são vários lugares que penso em conhecer e o Deserto do Atacama aparece com destaque na lista.



9- Malta

Cismei com Malta quando estava procurando um destino para morar fora, fiquei bem dividida entre Malta e Dublin. Acabei indo para Dublin, mas com a certeza que antes de voltar pra casa, conheceriamos Malta.

A viagem nunca saiu e fiquei só na vontade mesmo. Vai para a lista.

10 - ?

Tá, não consegui decidir o décimo posto rs.

Cidadezinhas do sul da Espanha ou Colômbia, Costa Rica ou Santorini, vilazinhas fofas italianas ou Sardenha? 

Ê mundão, eu quero mais é viajar! ;)

Abraço!


quarta-feira, 30 de julho de 2014

Valeu a pena ir para Dublin?

Sempre me surpreende receber e-mails ou comentários no blog, o pessoal que aparece aqui geralmente não é muito de interagir. 

Daí que nas últimas semanas tenho recebido consultas sobre a vida em Dublin, em comum as pessoas querem saber: e aí, valeu a pena?

E eu fico um pouco desconcertada porque sei que esse valeu a pena envolve muitos aspectos, em especial o aprendizado na língua estrangeira. Basicamente as pessoas querem saber se eu voltei fluente depois dos 6 meses de curso.

E aí entra a primeira dificuldade: o que é fluente para você?

Hoje estava lendo um texto da Bá, professora de inglês e blogueira no Barbaridades, que veio a calhar com esse tema e acho que se você está pensando em fazer intercambio, deve mesmo dá uma lida nesse material.

É fundamental ter um objetivo em mente, principalmente se você tiver um inglês precário, pois manter o foco após a chegada na Irlanda será uma das principais barreiras que você irá enfrentar. 

Será muito fácil ceder ao que é fácil. Será muito fácil ficar numa zona de conforto e não se arriscar. E ninguém quando faz um planejamento de intercambio pensa em gastar toda essa grana para ficar acomodado e não viver novas experiências, né?

Quando digo que fico desconcertada para falar do intercambio é porque não sinto que me enquadro tanto no perfil de intercambista, eu viajei já formada, independente, perto dos 30, casada, a Irlanda seria o terceiro país que viveria fora o Brasil.

Queriamos sair da rotina, experimentar, viajar e como meu inglês era muito ruim, a ideia de ir a um país de língua inglesa casou bonitinho, iamos viver novos ares e eu ia aproveitar para dar uma melhorada no idioma.

Nesse sentido, coloquei como objetivo perder a vergonha de falar inglês e prestar o FCE após um ano de vida em terras irlandesas. Pensei com meus botões que era o requisito que todas as ofertas de trabalho que eu me candidatava exigiam e eu não cumpria. 

Eu não fiquei um ano certinho em Dublin, tampouco prestei o FCE ou perdi a vergonha de falar inglês. 

Mas avaliando a minha história, valeu muito a pena, faria novamente por todo o pacote que vivi e aprendi. Aliás, até hoje existe a dúvida do voltar ou não voltar a ilha.

Agora avaliando friamente a questão linguística: não, eu não precisava ter saído de casa para estar com o inglês que tenho hoje. 

Eu poderia ter investido todo o dinheiro do meu rico trabalhinho num curso de inglês da escola do bairro e passado um tempo conquistaria o mesmo nível que tenho hoje, que não é aquele inglês porretão que as pessoas costumam imaginar quando sabem que alguém morou fora, longe disso inclusive. 

Acho um mito acreditar que só o fato de morar fora vai te deixar fluente no idioma, seria lindo se a gente aprendesse tudo apenas por osmose, mas ó, tem que sentar a bunda e estudar, seja no Brasil ou na gringa.

Hoje consigo entender que a diferença entre o meu aprendizado no espanhol e inglês é marcada pela dedicação que dei a uma e outra língua, estudei muito mais espanhol do que inglês e esse detalhe é perceptível na minha forma de falar os idiomas, independente do fato de ter morado três anos num país de língua espanhola ou 10 meses num país de língua inglesa.

Se é possível alcançar um objetivo em 6 meses de curso? Depende do que você se propõe! 

Só você vai poder correr atrás e dizer, mas tendo a chance nas mãos, é gostoso fazer valer a pena.

Abraço! ;)

domingo, 6 de julho de 2014

8 saudades da vida em Dublin

Há 6 meses deixei a Irlanda, mas a Irlanda não me deixou rs, volta e meia me pego pensando na Ilha Esmeralda e como sou a louca das listas, quis colocar na ponta do lápis as coisas que mais sentia falta da vida em Dublin! ;)


1- Comidas e supermercados

Eu vejo muita gente reclamando da comida na Irlanda, mas eu nunca vi problema, só solução. A cidade tem tannnnto restaurante que toda semana podia provar um mundo novo, era um tal de comidinha mexicana, tailandesa, indiana, japonesa, brasileira, italiana que eu achava o máximo experimentar. E o melhor, várias opções com preços camaradas, basta dizer a caixinha thai por 5 euros ou o combo mexicano por 7 euros! 

Saudades disso e de comer um fish and chips sucesso ou batata frita com vinagre no melhor estilo irish.

Além da diversidade de comidas que encontrava na cidade, os supermercados eram outra alegria. No condomínio que eu morava tinha um Dunnes imenso que era amor, era vida. 

Suspiro lembrando da parte de queijos, comprar queijo brie por 1 euro é coisa de Deus, experimenta comprar queijo brie no Brasil, coisa de rycah, apenas.

Foi difícil voltar e me adaptar aos preços e qualidade dos produtos novamente. Saudade de um tempo que a marca do supermercado correspondia a economia e qualidade, saudade de comprar sobremesas por 2 euricos. 

E pra não dizer que era só produto pouco saudável na minha feira, rolava um monte de saladinhas já ready to eat e caixinha de tomate cherry por 0,89 cents! Vou nem falar quanto tá o kg do tomate por nessas bandas...


2- O desafio da língua

Não é novidade que minha relação com o inglês é uma coisa tensa, sou eu me esforçando para achar ele legal e ele se esforçando para ser legal comigo. 

Viver em Dublin e estar exposta a todo dia quebrar essa barreira era bem interessante. Sempre tinha um friozinho na barriga quando precisava resolver alguma coisa sozinha, quando saia da sala de aula e ia para a vida real. 

E eu sinto falta desse desafio, falta da frustração quando não entendia nada e do sentimento de satisfação quando podia resolver o que queria, falta de ensaiar diálogos antes de falar. 

Fazer uma ligação para agendar uma consulta era todo um evento, assistir um seriado sem legenda toda uma conquista. 

São detalhes de um cotidiano que não existe mais na minha vida, mesmo não morando no Brasil. 

É que a minha relação com o espanhol é diferente, já é minha segunda língua. Não rola nervosinho, não penso antes de falar. Se tenho que ligar para alguém, pego o telefone, ligo e falo, sem ensaios. Não tenho aflição de não entender, não tenho vergonha de falar, é tudo fácil, normal do dia a dia.

Ficou a saudade de escutar a rádio no caminho de casa e ficar atenta às conversas, letras de músicas e propagandas, saudade de prestar atenção no modo das pessoas falarem, saudade de ler cartazes aleatórios pela cidade, saudade de ver e ouvir o mundo em inglês.


3- Parques

Porque sempre tinha um parque no caminho.

E como gostava de ir a esses lugares! Delicia ficar no parque matando o tempo, lendo um livro, fazendo um lanche, papeando com os amigos, namorando.

O Stephens Green era o meu favorito, tinha que pegar o luas ali do lado e minha escola ficava em frente ao parque, ou seja, praticamente toda vez que saia de casa passava por lá.


4- Música e artistas de rua 

Era tão comum parar no meio da rua para assistir as performances da galera. Via cada banda massa se apresentando a céu aberto, nunca podia evitar passar pela Grafton Street e parar alguns minutinhos para ver alguma novidade.

E quando tocavam música irlandesa aí o coração ficava cheio de amor, sou fã da banda MuteFish que toca pelas ruas de Dublin, temos o cd deles e sempre escutamos. Piro na dancinha também, acho lindo.

Saudade desses shows de todo dia.

                                                                  Sou fã!


5- Pubs

Ir a balada não fazia parte da nossa rotina. Pablo detesta tuntz-tuntz (música eletrônica), eu tenho preguiça de gente cool baladeira u-hu

Me julgue, mas meu conceito de festa é barzinho com lugar para sentar, comidinhas e música ao vivo até meia noite. Mais que isso fico chata e com sono. E Dublin me entendia, sempre tinha um pub bacana com música ao vivo para embalar nosso sábado a noite.

E os pubs ainda davam show de opções de craft beer, sempre tinha uma cerveja artesanal, diferente pra gente provar. Nós gostamos de tomar uma cervejinha ou vinho, já contei aqui no blog que até estudamos mais sobre as bebidas em cursos como o de sommelier. É hobby, não é sair para encher a cara, é mais um jogo com os sentidos, apreciar os sabores, nos diverte rs.


6- Conhecer as cidadezinhas do interior

Uma das coisas que sinto mais saudades é planejar viagens, toda semana entrava no site da Ryanair para sondar os preços das passagens, vai que tinha alguma promo para um fim de semana, né?

E essa vontade de rodar toda a Europa era compatível com a vontade de conhecer toda a Irlanda. 

Acho que fui meio mole, poderia ter visto muito mais da Irlanda nos quase 10 meses que vivi lá. Faltou conhecer muita coisa, não fui ao sul do país, por exemplo. E queria muito ter ido a Cork, Kinsale, etc.

Ainda assim, posso dizer que conheci o interior irlandês e amei. Cada vilazinha fofa, cada lugar verde e lindo que só me deixou com vontade de explorar mais o país. 


7- Dias de sol

Eu nunca tinha dado tanto valor a um dia bonito. Na Bahia faz dia bonito quase todo dia, se chove um dia, a gente espera que no dia seguinte tá beleza. Se não deu praia hoje, sem stress que rola amanhã. 

Na Irlanda não é assim. Se faz sol, amigo, corra pra rua! Ficar em casa num dia lindo é um desperdício que te faz sentir culpado, sério.

Dia de sol é igual dia feliz, é lindo porque você não precisa de nada mais que o sol para esbanjar alegria. Poético, não? 

Engraçado que eu achava que os irlandeses não curtiam um calorzinho justamente por estarem acostumados ao frio. As pessoas sempre me dizem 'ai como você deve sofrer com o frio' porque sou baiana e 20°C já é inverno rigoroso na minha terra, logo aplicava a mesma lógica aos irlandeses. 

Mas minha surpresa foi chegar em Dublin e ver o pessoal todo cheio de sorriso para os dias mais quentes, numa empolgação contagiante.


8- Pegar o luas

Em todo o tempo de vida em Dublin nunca morei no Centro, moramos em 4 lugares diferentes, todos entre Stillorgan e Sandyford.

Nosso meio de transporte era basicamente o luas e era nessa viagem de 20 minutinhos que ia pensando na vida, observando o povo, lendo o jornalzinho, acompanhando o movimento do dia.

Saudade de ver a cidade pela janelinha do luas.

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Irlanda, sua linda, sinto falta de você! ;)


sexta-feira, 4 de julho de 2014

Preparando o Chá de Bebê

Eu queria voltar com posts de viagens rs, mas não resisti a contar como foi o babyshower da Gabi. 

Sim, já sabemos o sexo! Após 6 meses de gravidez pudemos ter certeza que é uma menininha, a pequena Gabriela (uma coisa meio Jorge Amado mesmo, assim para ela lembrar que tem o pezinho na Bahia).


E não resisti a contar porque o chá ficou uma delicinha. Também porque precisava desabafar um pouco sobre essa piração do universo baby.

Recorri ao Google de sempre para pegar ideias do que servir no chá de bebê, como deixar a mesa apresentável, coisa e tal. Não tenho muita intimidade com decoração, detalhes, frufrus e precisava de inspiração. 

Encontrei coisas infantis tão megalomaníacas, agora é normal ver as festinhas com produção de casamento e não estou falando das celebs dando pinta em sites de fofoca, não! Estou falando de gente como a gente gastando milhares de reais para fazer uma festinha antes da criança nascer. 

E sei lá, ou sou muito muquirana, ou não entendo mais os costumes no Brasil. Mas acho desnecessário tanta firula para um evento que sempre foi algo descontraído e gostoso, um chazinho da tarde com comidinhas caseiras junto a pessoas queridas para celebrar um momento lindo e especial: a chegada de um bebê.

Não quero pagar de pobre sofrida, cada um com seu cada um, se você pode e quer fazer 'O' evento, não julgo, se jogue e seja feliz, colega! 

Agora se você não é rycah e está procurando ideias para fazer uma reunião bonitinha com as amigas sem sambar no luxo e glamour, nas próximas linhas poderá encontrar sugestões.

Meu chá de bebê fiz com 26 semanas de gravidez, super cedo para os padrões. Teria esperado um pouco mais se não tivesse com uma amiga prestes a parir. Para contar com a presença dela, antecipei as coisas. E foi batata, na semana seguinte ela estava na maternidade rs.

Como fiz todos os quitutes da festa, acabou sendo ideal fazer agora enquanto ainda tenho um tiquinho de energia. O barrigão vai crescendo e vamos ficando mais cansadas, de verdade.

Eramos poucos convidados, não chegamos a 20 pessoas. Fiz um encontrinho com as amigas brasileiras e meus cunhados. Funcionou bem apesar do povo ter se dividido rs, brasileiras num canto e cunhados no outro.

A decoração foi rosa e marrom, eu resisto a essa coisa de rosa para menina e azul para menino, mas cai de amores pelas forminhas de bolinhas e cismei que queria tudo assim. Então fizemos umas bandeirinhas, as letras com o nome dela e um cacho de bolas nessas cores.


Comprei umas bandejas brancas baratinhas e bonitinhas numa loja de material de festas, forramos umas caixas para posicionar os doces, coloquei mini floreiros para as rosas (mas esquecemos de comprá-las, kuen kuen).

Usei também uma lata que tinha na cozinha, espalhei os potinhos de mousse e tigelinhas com bis e voilá: uma mesa de festa armada, mesmo faltando a toalha, somos principiantes nisso, relevem.


De docinhos fiz:
  • Brigadeiro
  • Beijinho
  • Bicho de pé ou Moranguinho
  • Brigadeiro de limão
  • Mousse de Maracujá


Dois bolos de chocolate com coberturas diferentes: um com bicho de pé e doce de leite, combinadinho com a decoração marrom e rosa rs, e outro pequenino de chocolate com morangos. Tudo com amor, tudo gostosinho.



De entrada tinha patês (presunto, queijo e atum), pães e doritos/nachos. E um empadão de alho poró, bacon e queijo parmesão todo cortado em cubinhos. Pena não fotografamos.

Tinha salpicão (li por aí que não é chique, mas quem liga? Todo expatriado gosta e ó, não sobrou nada, foi sucesso). E como estamos no Uruguay, usamos a parrilla para assar carnes e fazer hambúrgueres na hora. É um clássico no país hambúrguer na churrasqueira e com o menu todo brasileiro, foi o toque do papi para mostrar que a guria tem sangue charrúa também rs. 

Sem muita cerimônia íamos assando as carnes e as pessoas se serviam com queijo, presunto, alface, tomate, ketchup, maionese, etc. 

De bebidas tinha água e refrigerantes. Levei frutas para fazer suco na hora, mas o papo tava rolando tão solto que ninguém lembrou e ficou por isso mesmo.

Comemos, falamos e rimos até cansar. Foi lindo e não ficamos pobres! :P


terça-feira, 8 de abril de 2014

O que não dizer a uma mulher grávida

Daí a gravidez vai ficando evidente e de repente todo mundo quer saber como é, como não é, se vem um menininho ou uma menininha, e nessas conversas volta e meia surgem várias gafes.

Vou te dizer que é preciso paciência, mas muita paciência, pois as pessoas facilmente perdem o filtro e a noção diante de uma barriguinha saliente.

Se os estranhos nas ruas já se sentem a vontade para indagar, imaginem os amigos e familiares. 

Entendo que a maioria não faz por mal, muita coisa sai de forma natural mesmo, ainda assim é chato e eu vou melhorando minha atuação cara de abuso, fazendo de conta que não ouvi a alfinetada rs.

Nesses 4 meses já consegui identificar alguns comentários desnecessários e achei que seria útil compartilhar, vai que você - pessoa fina, elegante e sincera - está com alguma buchudinha no seu grupo de amigos, colegas de trabalho ou família, né? 

Aí vão algumas coisas que você pode considerar não falar, garanto que a futura mamãe agradecerá.

- Você está MUITO magra/gorda!

Gente, nenhuma mulher gosta de ouvir críticas sobre o peso assim tão na lata. Ainda mais grávida!

Tenho ficado p. da vida com as pessoas reclamando que eu estou muito magra, insinuando inclusive que eu estaria muito preocupada em não engordar na gravidez, fazendo dieta e era perigoso. 

Nunca fui gordinha, também nunca me preocupei em ficar com o corpo da moda, não seria agora que ia bancar a gata fitness irresponsável e comprometer a saúde do meu filho(a). 

A primeira coisa que fiz foi procurar saber como melhorar a alimentação para ajudar no desenvolvimento do bebê e passei a comer mais coisas verdes tipo ervilha, brócolis e lentilha, leite e cítricos todos os dias

Simplesmente não engordei porque não engordei e quem me conhece sabe que nunca fiz cara feia para comida.

Minha médica não vê nenhum problema no meu peso, estou saudável e essa história de comer por 2 é puro mito (que eu faço uso quando quero comer mais do que todo mundo e ainda pagar de simpática rs). 

- Que nome feio / esquisito / diferente

- Own já pensaram em nomes? 
- Sim, Adalberto ou Francislene! 
- Vixe, que estranho...

Acontece muito, juro. Eu já paguei esse mico, disse uma vez sem pensar, no alto do poder e falta de vergonha conferidos pela intimidade, que o nome que a mulher de um primo escolheu para a filhinha deles parecia nome de cachorro vira-lata. Vergonha total quando lembro disso.

Mas eu precisava convencê-los que Kemilly era horrível e precisava de um argumento forte. Agora por que raios eu tinha que me meter, que pretensão era essa? Por sorte eles caíram na risada e escolheram esse nome, não teve jeito. E eu sempre vou ficar sem graça da minha tentativa de dissuadir o casal, não vai ter jeito também rs.

Hoje entendo que por mais absurdo que pareça o nome sempre faz sentido na cabeça dos pais, é realmente uma escolha pensada com muito carinho e se o casal chegou a determinada decisão é porque eles gostaram. E são eles que têm que gostar, ponto.

Aqui em casa temos a diferença cultural e de idioma, o nome escolhido tem que ter pronúncia fácil em português e espanhol, aí já eliminamos qualquer nome que comece com J ou R, ou termine em L.

Depois tem esse lance do bonito e feio pra cada um, contexto cultural e aqueles contos urbanos. 

Por exemplo, Pamela não seria uma opção minha, mas foi um dos primeiros nomes descartados pelo pai, tem uma musiquinha de duplo sentido envolvendo o nome e é garantia de bullying. Também não curto muito alguns nomes populares aqui, eles adoram Catalina e Josefina (em espanhol falam 'Rosefina', pelamor) e obvio que ele não curte alguns nomes populares brasileiros

Deu um trabalhão rs, mas já escolhemos algumas opções para menino/menina e já vi cara de bufa quando conto t-o-d-a empolgada o que temos em mente. Você não precisa mentir e dizer que o nome é lindo, mas não precisa ser deselegante.

- Eu não ia querer parir longe da minha família, sozinha, num país diferente!

Ai como fico louca da periquita quando dizem isso! Eu escolhi essa vida e tô bem, obrigada! 

Casa é um conceito bem subjetivo e plural, aqui também é meu lugar, é minha casa. 

E família, bem, já somos uma família de dois, logo mais seremos de três. Essa criança tem pai, tem avós, tios, primos, definitivamente não estou sozinha nesse barco.

É claro que eu iria amar poder ter meus pais e familiares por perto e dividir com eles todos os detalhes dessa fase, eles acompanham tudo graças as facilidades da tecnologia, nunca será a mesma coisa, mas é a consequência de uma escolha que fiz e lidamos com isso sem maiores dramas. 

- Ele/ela vai falar português, né?

Nosso anjo ainda nem fala e já tem gente dando pitaco - e fazendo cobranças - sobre a língua a ser balbuciada nas primeiras palavrinhas!

Criar filhos bilíngues é o sonho de toda mãe expatriada, não sou diferente, mas vejo que nem sempre é uma tarefa muito fácil. Aqui tenho amigas brasileiras que tentam, tentam e a criança resiste. Entende tudo que dizemos, mas só responde em espanhol.

Confesso que ainda não dei muita bola ao tema, preciso ler muito mais a respeito, pegar a didática da coisa. É óbvio que quero ele/ela falando os dois idiomas, mas não é hora de me preocupar com isso.

- Eu trabalhei até o dia de parir!

Alô, alô super fêmea! Segure a onda!

Cada gravidez é um mundo, cada uma sabe aonde o calo aperta. Trabalhar durante todo o período ou não trabalhar nada, não faz de ninguém mais mulher.

Chegamos da Irlanda numa sexta-feira a noite e na segunda-feira eu já tinha entrevista. A confirmação que a vaga era minha aconteceu apenas uma semana após desembarcar. Ainda não tinhamos apartamento, nossas roupas estavam em malas e estavamos meio tontos com as emoções da volta.

Aí veio a confirmação da gravidez, um mundo novo se abrindo e várias idas e vindas a médicos. Dá-lhe mais emoção.

Achei que era o momento de dar o pontapé inicial a um projeto de negócio. E nesse caldeirão passei os três primeiros meses.

O plano inicial era chegar, passar uns 20 dias, matar as saudades e correr para a Bahia, curtir uns 20 dias lá e voltar com toda energia para tocar a vida. Como trabalho não tá caindo do céu, mudei os planos e consegui só 5 dias de férias no trabalho novo. 

Tinha mais de um ano sem visitar a família, não fazia muito sentido ficar 5 dias, pagar 600 dólares de passagem, mas pensava que conseguir outra oportunidade - e grávida - seria complicado. 

Chegou uma hora que surtei, cansei de fazer mil coisas ao mesmo tempo. Cansei de ir visitar apartamento para alugar no intervalo do almoço, de ir fazer exame antes de chegar ao trabalho, de chegar em casa (dos cunhados porque a nossa só conseguimos outro dia) de noite cansada e organizar as coisas do meu projeto, e de me sentir acurralada por não poder desfrutar pelo menos uma semana no Brasil. 

Renunciei, pedi para sair. E estou feliz, tenho mais tempo para mim, para pensar nas coisinhas do bebê, para matar as saudades da família e me dedicar aos meus planos. 

Podíamos fazer isso e acho bizarro ver algumas pessoas julgando e/ou sentindo-se mais fortes por terem tido outro tipo de experiência.

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É curioso acompanhar essas reações, a gente vai tirando paciência e bom humor de onde pode.

Estou curtindo muito estar gravidinha, tanto que já penso em procriar mais vezes e ando exibindo a barriga por aí (mas prometo não ficar fazendo coração com as mãos nos clicks hehe).


                                                            Pança de 4 meses.


O tempo está voando, gente! Abraço! ;)