segunda-feira, 26 de abril de 2010

Mochilão na Patagônia Argentina: Ushuaia

Ahhh, o fim do mundo!

Tinha muita expectativa em chegar a Ushuaia, acho que era essa coisa de fim do mundo, de me sentir no extremo das Américas, não sei exatamente, mas a primeira vez que vi a cidade pelo avião - lembram do vôo furada a Calafate? - com aquela mistura de mar, montanha, neve, fiquei EUFORICA!

A segunda chegada ao aeroporto confesso já não foi tão impactante assim, nem mesmo avistando o famoso farol do fim do mundo. Já tinha visto tanta paisagem surreal que Ushuaia agora me parecia só uma cidadezinha bonitinha em uma posição geográfica curiosa! 
Por sorte isso logo mudou e eu voltei a ficar eufórica  principalmente quando vi a neve pela segunda vez na vida, e pude enfiar a mão, fazer bola, jogar pra cima, fazer um boneco de neve - há controvérsias quanto ao meu boneco, algumas pessoas disseram que parecia mais um vudu, assumo que não saiu a coisa mais linda, grande, gorda e feliz que eu sonhei, meus dedos congelavam com o frio, mas fiz uma coisinha fofa rs, depois posto a foto! - eu me sentia uma criança, esbanjando felicidade e isso é lindo!

Lá em Ushuaia me hospedei no Hostel Freestyle que é recomendadissimo, realmente a estrutura que eles têm é perfeita, bons banheiros, quartos e lockers espaçosos, a area comum é maravilhosa, uma vista linda para a cidade com sofás, mesas de jogos, porém o atendimento deixou a desejar, nunca vi tamanha má vontade pra informar/ajudar sobre coisas da cidade, eu desisti, odeio respostas monossilabicas e desinteressadas, perguntava " e aí as excursões como faço para contratar, como é essa da pinguinera?", e escutei com muito desdem "o que vc quer saber exatamente?", como o que quero saber exatamente, gente???? Tipo tudo, né! Opinião pessoal, opções, preços, horários, duração...

Não passei maiores aborrecimentos porque como já disse meu senso de humor fica muito mais flexível viajando, tentava usufruir da boa estrutura oferecida, para não ser injusta, tinham 2 carinhas mais agradáveis lá e eu não fui a única a reclamar da pouca atenção.

Se resolver ficar lá recomendo escolher os quartos do primeiro andar,  fiquei 3 noites no segundo andar e as vezes era difícil dormir, a área comum está bem em cima e tinha umas gringas que gritavam a madrugada inteira, 2 dias foram até às 6h da manhã! As outras 2 noites mudei para o quarto do primeiro andar com banheiro privado, 10 pesos a mais que fizeram a diferença no meu sono e conforto.

Eu já estava na Argentina há pouco mais de um mês, comendo sempre muita carne e batata frita, já com insuficiência de dendê no sangue rs, só pensava em comer todas as delicias do mar possíveis  nem os altos preços me desanimaram, e aí meus caros tome salmão, merluza negra - divina!, centolla de todos os jeitos e todos os dias, isso deu um baque no meu orçamento, mas até hoje fico com água na boca! 
Um prato desse sai em média 80 pesos, mas quem quiser economizar pode comprar tudo isso nas peixarias e fazer no albergue que sai a metade do preço.

No primeiro dia, como cheguei no inicio da tarde, só deu tempo de almoçar e ir no museu do presidio, gostei, achei tudo organizado e colorido, tirei fotos com os bonecos e li algumas coisas interessantes sobre a história do lugar, que se confunde com a própria história da cidade.

Depois fiz uma tentativa frustada de caminhar pela orla da cidade, pensei em visitar as fragatas da America Latina que agora estavam no porto de Ushuaia (já tinham passado por Bs As também, mas não pude ir ver) e o vento não permitiu, eu me desequilibrava com o vento e lacrimejava muito.
Desisti, chamei um taxi e voltei pro hostel! Lá conheci uma italiana super gente boa que dividia o quarto comigo e mais 2 franceses, sai com a menina para jantar e combinamos de ir no dia seguinte ao Cerro Martial.

Fomos para o Cerro de táxi, tivemos muita sorte de ir esse dia, porque sem sabermos era o último dia de funcionamento do teleferico, que ia parar por algum tempo por algum motivo que não entendi!
Esse teleférico são duas cadeirinhas sem cobertura que sobe até um ponto da montanha, tem uma vista linda para a cidade e se pode caminhar uma hora até a parte mais alta, já era possivel ver neve acumulada em varios lugares e foi aí que fiz minha farra narrada acima rs.

No caminho da trilha fizemos amizades, como sempre, as pessoas ficam mais simpáticas andando nesses lugares. Caminhamos bastante, parecia fácil, mas deu para cansar: eu me sinto uma atleta depois dessa viagem, nunca tinha andado tanto em toda minha vida!

Pegamos o teleferico de novo e tinha uma senhora numa van cobrando 5 pesos por pessoa para deixar no centro, foi meio tenso porque ela dirigia como uma louca, fazia umas curvas sem noção e me pedia para falar português porque ela achava lindo, figuraça! Eu falava frases desconexas porque estava piscando com o transporte com emoção rs!

No outro dia fui no porto comprar meu passeio de barco, tem muitas opções, cada empresa tem sua casinha de madeira onde vende as excursões, estava em dúvida se fazia o passeio que ia até as pinguineiras que durava muitas horas ou o passeio em veleiro até uma ilha e mais curto.

Como tinha passado um dia navegando em Calafate, mesmo querendo muito chegar pertinho dos pinguins, optei pelo veleiro porque levava menos tempo, eram poucas pessoas - máximo 10, e eu nunca tinha andado em um veleiro antes, além de ter lido na net que a empresa Três Marias era altamente recomendada. Adorei a escolha, o passeio foi maravilhoso e me senti numa expedição a la National Geografic rs!

O tempo estava ruim na ida e antes de navegar o pessoal da Três Marias oferece umas roupas big-extra-super GG para vestirmos.
O passeio passa pela ilhota dos cormorones, uma ave aquática muito presente na Patagônia, e segue para Ilha H que é preservada e  não tem uma estrutura para descermos do barco, temos que praticamente escalar uma pedra - exagerada! Fiquei com um pouco de medo porque eu de fato sou muito atrapalhada, mas o pessoal te ajuda e não tem maiores problemas.

Caminhamos uma hora na ilha, é muito bonito, tem algumas aves, se pode ver o Chile de um lado e Argentina do outro, o guia é maravilhoso e explica tudo a gente, toda a história dos yamanás, povo nativo que habitou a patagônia e a tal ilha!
A volta foi uma delicia, o tempo estava ótimo e o mar parecia um lago, ver a cidade refletindo no mar foi  inesquecivel, voltei compartindo um mate com o pessoal - tinha opção de whisky! - e comendo alfajor, recomendo mesmo a Tres Marias!

No final da excursão todo mundo ganha um vale-cerveja no Pub Dublin, o point de Ushuaia  rs! Achei muito massa isso, uma das vantagens de fazer um passeio com um numero limitado de pessoas é poder dividir as emoções, fazer amizades, eu que viajava sozinha curti muito. A noite nos encontramos todos lá, um casal de australianos, varios franceses - ô povo que viaja!, uma alemã e eu. Era aniversário dessa alemã e ela pagou tekila para todo mundo, foi muito divertido, apesar da dificuldade de comunicação com algumas pessoas rs!

O quarto dia ia para o Parque Nacional, porém amanheci pessima da garganta, desde Calafate ameaço ficar doente e nesse dia não teve jeito, tudo doia e eu não tinha animo pra fazer nada, tomei muito chá e fiquei vendo filmes no hostel, depois sai para comer e comprei uma excursão pra manhã seguinte: lago fagnano e escondido em 4x4!

Amanheci péssima ainda, alias voltei pra Salvador péssima, cheguei a pensar que nunca mais na vida ia melhorar rs, mas como já tinha pago a excursão fui assim mesmo.

O guia era ótimo e por casualidade só tinha eu, um casal e 2 filhinhas pequenas, todos muito simpáticos e preocupados com meu estado, pegamos a estrada, passamos primeiro pelo lago escondido, que é enorme, pelo nome eu pensava que era uma coisa mais discreta, mas ele tá lá grandão e escancarado pra quem quiser ver, não tem nada de escondido rsrs.
Eu continuava toda mole no carro, então o guia me deu uma pastilha milagrosa e eu fiquei bem! Pegamos a trilha de barro e aí começa o 4x4, o carro passa por várias poças enormes, entra no rio, muito legal, pensava que o cara era louco e o carro ia pifar a qualquer momento com tanta água rs!
Paramos num bosque em frente ao lago e o guia preparou nosso asado (churrasco) com direito a vinho, cerveja, tabua de frios, tudo muito gostoso, e eu ficava quase dentro da fogueira com tanto frio!

A noite tive uma surpresa desagradável  fiquei tão empolgada com o efeito das pastilhas que tomei várias, quando cheguei no hostel ainda tomei aspirina e sai com meu novo companheiro de quarto para jantar - a italiana já tinha ido embora, de repente comecei a sentir um incomodo, e esse amigo dizendo que eu era maluca, que não tinha nada, no meio do jantar ele disse "boludaaaa, seu olho tá inchando, tá parecendo um chiuaua!".

Crise alérgica, meus olhos ficaram bizarros, uma mutação em minutos, lá vai a gente para o hospital público, fiz um seguro viagem com a Go to London, mas acabei usando o serviço público e fiquei surpresa: atendimento perfeito!

Cheguei, paguei 20 pesos por algo que não sei e o médico já estava do meu lado! Tomei uma injeção fdp, tive que comprar 60 pesos em remédios e ficar 5 dias sem beber, tinha festinha de novo no Pub Dublin... ah sim, meus olhos voltaram ao normal em uma hora e sorte que esse meu amigo - outro anjo que cruzou meu caminho - era gay porque eu fiquei o cão de feia! hahahah =)

E foi assim que eu me despedi de Ushuaia, na manhã seguinte fiz o check-out, caminhei um pouco mais pela cidade, comprei alguns souvenirs e fui para o aeroporto rumo a Buenos Aires de novo, engraçado que cheguei na cidade com uma sensação de "cheguei em casa", eu estava realmente me adaptando aos ares portenhos...

* Diária hostel: 60 e 70 pesos.
* Taxi aeroporto/hostel: 22 pesos
* Museu do Presidio: 30 pesos - diz que é brasileiro que tem desconto!
* Taxi Cerro Martial: 18 pesos
* Teleferico Cerro Martial: 35 pesos. Obs.: guarda o papelzinho minusculo que eles dão com cuidado porque tem que apresentar na descida!
* Excursão Veleiro a Ilha H: 210 pesos
* Excursão 4x4 Lago Fagnano e Escondido: 300 pesos

Fotos El Chalten

Momento verão rsrs! Chegando na parte fácil da trilha, essa coisa branca é a neblina embaixo na cidade.


Calafate é uma frutinha, tem a planta em toda a trilha - eu comi!, pena que não aparece direito na foto, é bem pequena.


Laguna Capri:

Fotos El Chalten

A pequenina cidade de Chalten:


Na porta do Hostel: eu amava essa vista!


Trilha para Chorillo del Salto:


Chorillo del Salto:



Laguna del Desierto vista de cima da montanha:


Glaciar e Laguna Huemul que estão na trilha dentro da propriedade privada que mencionei, belíssimo! Aí foi quando nevou! ;)

domingo, 25 de abril de 2010

Mochilão na Patagônia Argentina: El Chalten

Eu disse que não segui a dica de viajar com folga e me arrependi porque o segundo dia amanheceu super nublado, atrapalhando o meu planejamento inicial, não era possível ver nada, nenhuma montanha, nem sinal do Fitz Roy ou qualquer outra coisa!

O que me deixou um pouco frustrada, logo se transformou em "puro êxtase  rs! Mesmo com o tempo assim eu arrisquei fazer o trekking, na verdade fui quase carregada por Pablo, o otimista rs, segundo ele poderiamos pelo menos ver a laguna capri! 

Pedimos um transfer no hostel até a Hosteria El Pillar por 40 pesos, é uma dica importante porque diminui bastante o trajeto, quando chegamos lá o tempo seguia igual e para piorar uma chuvinha fina chata, aí o motorista sugeriu irmos até a Laguna del Desierto por mais 40 pesos e lá fazermos uma tal trilha numa propriedade privada por mais 16 pesos que dava para um glaciar e uma laguna muito linda, de um azul não sei o que e coisa e tal,.

Inicialmente pensei que ele queria faturar, mas depois resolvi dar crédito e aceitar a sugestão, as pessoas em Chalten são muito amáveis e ele parecia ser sincero: foi A MELHOR coisa que fiz, o lugar realmente era incrível,  sem contar que quando chegamos no topo começou a nevar, nevou por um minuto, eu quase choro de emoção rs, estava tudo perfeito demais, momento top da viagem, sem dúvida!

Ah, o nome desse glaciar é Huemul.

O último dia finalmente fiz a trilha para o Fitz Roy e Laguna Capri, também amanheceu nublado, mas segundo o casal do hostel em pouco tempo mudaria porque a montanha, o sol, a neblina estavam de tal jeito, eu sinceramente não consegui diferenciar o tempo do dia anterior e desse dia, não conseguia enxergar o que tinha a 10 metros de distância e achava difícil poder ver o Fitz Roy, pensei que ia embora e não ia ver toda a imponência, beleza desse cerro - eu me apaixonei, sério!

E assim descrente comecei a caminhada, o inicio é puxado, muita subida, depois fica bem tranquilo, não tenho nenhum preparo físico - voltei disposta a sair dessa vida sedentária, de verdade! - quase peço "pra sair!" rs, mas meu orgulho foi mais forte e segui ofegante e lenta, porém determinada! 

Uma hora depois o tempo estava perfeito, muito sol, o casal tinha toda razão e eu pude enfim desfrutar do verão: caminhei de camiseta!

Me perdi de Pablo na trilha, sim, eu consigo fazer coisas raras! Como ele tinha um ritmo melhor do que eu mandei ele seguir e combinei de nos encontrarmos... onde mesmo? Chega uma hora que a trilha se divide, de um lado tem o mirador e do outro a laguna, e eu me esqueci em qual ponto tinha combinado! Segui para o mirador e não o encontrei, horas depois achei ele no acampamento Poicenot sem entender nada que tinha acontecido.

No caminho fiz amizade com um casal de argentinos de uns 40 e poucos anos, muito simpáticos, fomos conversando todo o caminho, foi ótimo, alias as pessoas são muito simpáticas na trilha, todos que passam por você te cumprimenta, eu até cansava de tanto sorrisinho e "hola, hi", mas é legal isso, como disse você se sente em outro mundo, outra vida no meio de toda aquela natureza.

Desse acampamento tem a trilha até a Laguna de los 3, soube que é bem puxada, eu tive que voltar a Chalten por causa do ônibus a Calafate, também não sei se tentaria subir mais, acho que não conseguiria, voltei  pelo caminho da Laguna Capri: lindaaaa! 

Em cada laguna uma parada para abastecer a garrafinha de agua: delicia!

Engraçado que as vezes eu tinha dúvida se estava no caminho certo, voltei sozinha e tenho muita dificuldade com mapas, mas várias pessoas me paravam e perguntavam se também estavam no caminho certo rs, perguntavam se eu estava voltando de tal lugar e se era por ali mesmo, isso de alguma forma me confortava, eu não era a única louca sem senso de direção! 

Ao todo foram 7 horas de trekking, recorde absoluto para mim, nunca pensei que seria capaz de fazer um trekking assim tão longo, claro que a caminhada tem previsão de 1 hora a menos, fiz no meu ritmo, sensação indescritível.

Cheguei a tempo de comer - muita fome depois de tudo isso, da-lhe cordero patagônico! - e arrumar minhas coisas para viajar, infelizmente faltou algumas coisas para conhecer, mas quem sabe um dia volto lá? Dormi toda a viagem e uma coisa curiosa, os ônibus tem avisos solicitando as pessoas que não tirem o tennis! Por que será? ;)

Chalten foi a cidade mais barata da Patagônia, não precisar desembolsar fortunas em pesos a todo instante para fazer excursões é maravilhoso, e as belezas do lugar são realmente incriveis! O almoço lá sai fácil na média de 40/50 pesos.

E sobre a dificuldade das trilhas, fiquem tranquilos, se eu consegui fazer, todo mundo consegue! Chorillo del Salto é a mais fácil, fiz mais ou menos em 2h ida e volta; a trilha para o glaciar dentro da tal propriedade privada foi só de uma hora, mas é pura subida, a volta é bem mais rápido; o mais difícil mesmo foi o inicio da trilha do Fitz Roy, mas depois é tudo plano, só que é longa e o cansaço é mais pela distância.

* Diária Hostel Refugio de Chalten: 30 pesos
* Transfer até Laguna del Desierto: 80 pesos
* Passagem El Calafate - Ushuaia pela Lan: R$ 216,12

Mochilão na Patagônia Argentina: El Chalten

El Chalten foi a maior e melhor surpresa da viagem! Eu me encantei com o lugar e ao contrário do que pensava, tem MUITA coisa para fazer lá e não consegui fazer nem a metade!

O tempo é muito louco mesmo, já tinha lido a respeito que era necessário viajar com folga porque as vezes o tempo mudava e não era possível fazer muita coisa, só esperar... não segui essa informação e me arrependi, tinha apenas 3 dias e planejei da seguinte forma: o primeiro dia iria para Chorillo del Calto já que era a trilha mais curta e só tinha metade do dia, o segundo dia iria para o Mirador Fitz Roy e Laguna Capri, e o último dia para o Cerro Torres e voltava às 18h para pegar o bus a El Calafate e na manhã seguinte o vôo rumo a Ushuaia.

A chegada em Chalten é especial, paramos num centro de informação e as pessoas explicam várias coisas importantes sobre as caminhadas, entregam mapas e falam um pouco sobre consciência ambiental também, achei muito bacana!
A "cidade" surpreende logo de cara, tem um ar diferente, você desacelera  no momento que entra lá, a visão do Fitz Roy ao fundo é sensacional!

Viajei a Chalten com um amigo que conheci em Buenos Aires, não tinhamos reservas e pensavamos que não teriamos problemas, pois já estava no final da temporada, porém sem saber chegamos no fim de semana da "festa do trekking", estava tudo simplesmente lotado!

Andamos todo o povoado com as mochilas nas costas procurando vagas, a única coisa que encontramos foi um hotel com a diária por 300 pesos, o desespero já tomava conta da pessoa rs, quando entrei no Hostel Pioneros del Valle e encontrei uma chica - ou anjo? - que me acalmou e disse q ia encontrar algo, ligou para várias pessoas e nada de encontrar lugar, aí ela me disse que tinha um casal de amigos "buena onda" que alugavam vagas por 30 pesos (a metade da diária dos hostels), mas que era muito simples, aceitamos, claro!

Lá vai eu achando que ia entrar na maior furada, já planejando voltar no dia seguinte a Calafate e para minha sorte o lugar era ótimo, realmente simples e o casal realmente boa gente! 
Tratava-se de uma jovem família  o casal e 3 filhos lindos pequenos, naturais de Mendoza que vivem há pouco em Chalten e resolveram abrir um hostel, a casa tem 2 andares, a parte de baixo é o "hostel" e tem 2 quartos cada um com 4 beliches, cozinha comum e banheiros - o incoveniente é que não é dividido por sexo, mas você passa a maior parte do tempo fazendo trekking e são poucas pessoas - 8 vagas apenas, daí não cheguei a ter problemas com isso, na verdade usava pouco o banheiro, só um banho por dia, muito frio, gente! 

A tal festa do trekking eu não tive forças para ir nenhum dia, já disse aqui que não sou muito do esporte e por isso tinha dúvidas se ia aproveitar o lugar, não sei o que aconteceu, mas eu me empolguei muito nos trekkings, as paisagens maravilhosas fazem essa transformação naturalmente dentro de você rs, aí chegava a noite e só queria dormir, me disseram que foi animadíssimo!

Todos estavam muito empolgados porque ia tocar uma banda muito conhecida chamada Los Autenticos Decadentes, todos ficaram chocados com minha cara de "vai tocar quem mesmo?", mas em geral não há muito o que fazer a noite, são lugares que se curte a natureza, no máximo tem algum barzinho ou pub.

Fotos El Calafate

Reserva Ecológica Laguna Nimez:


Curtindo a paz de El Calafate mateando na varanda do hostel! Trouxe um mate e erva para Salvador para manter o vicio! :P

Fotos Navegação - El Calafate

sábado, 24 de abril de 2010

Fotos Minitrekking Perito Moreno - El Calafate.


Mochilão na Patagônia Argentina: El Calafate

A outra excursão foi a navegação por todos os glaciares: me surpreendeu demais!

Não estava muito segura se ia gostar, achava muito tempo no barco, mas foi INCRÍVEL,  cada paisagem linda, surreal que você não sabe para onde olhar! São muitos glaciares nesse circuito, alguns que começam na montanha e descem até o lago, passa pelo fantástico Perito Moreno e por vários icebergs, me impressionava como o barco podia navegar entre eles e se aproximar tanto, cada forma e cores impossíveis de esquecer!

O barco é grande e bem confortável, muita gente 'assiste' tudo de dentro do barco - tem super janelas, mas eu queria chegar o mais próximo possível dos glaciares rs, e encarei o ventão gélido na cara! 
Tem uma guia também explicando as coisas, ela falava exageradamente em alguns momentos onde eu só queria ficar em sintonia com toda aquela exuberância, mas as explicações são interessantes para entender as formações, geografia, etc! Ah, tem lanchonete no barco, mas na metade do passeio já tinha acabado a comida e passei fome de novo. 
Dica importante: levem sempre comida suficiente na mochila!

Outro lugar lindo que conheci foi a Reserva Ecológica Laguna Nimez, não tinha visto nenhum comentário antes de viajar e amei! Cheguei no finalzinho da manhã na cidade, deixei as coisas no hostel e fui almoçar e caminhar, aí encontrei essa reserva apenas 1km do centro de El Calafate: muito linda, é um local para observação de aves, dizem que há cerca de 80 especies diferentes e a entrada custou 10 pesos, recomendo!

Há outras excursões que não me interessaram muito, como trekkings em fazendas/ranchos ou cavalgadas. Tive vontade de fazer a excursão a Torres del Paine no Chile que custava 300 ou 350 pesos + a entrada no parque, depois que vi as fotos de um amigo me arrependi de não ter ido, mas não tinha mais tempo livre.

De El Calafate segui para El Chalten de bus, não há avião nesse trecho e a viagem é curta, apenas 3h. Comprei o primeiro horário às 8h e a volta 2 dias depois no último horário às 18h. No caminho os ônibus param num hotel (Estância La Leona) no meio da estrada para a galera tomar café e relaxar um pouco.

* Excursão Navegação Todos os Glaciares: 425 pesos (350 + 75 pesos entrada do parque).
* Entrada Reserva Ecologica: 10 pesos.
* Passagem ônibus ida e volta: 130 pesos.

domingo, 18 de abril de 2010

Mochilão na Patagônia Argentina: El Calafate

Fiz os trechos na Patagônia de avião, como não comprei com antecedência, estava na vibe "deixa a vida me levar", só encontrei vôos para El Calafate na data que queria pela companhia Lan que costuma ser um pouco mais cara que a Aerolineas Argentinas.

Esse voo foi uma furada porque fazia uma escala nada mais nada menos que em Ushuaia, meu próximo destino! Me senti uma anta quando descobri isso, comprei pelo preço e nem me importei com o resto, quando recebi o e-mail de confirmação que vi a escala no fim do mundo e o tempo perdido dentro do avião: 3 horas a mais! 

O aeroporto de El Calafate fica distante do centro da cidade, logo na saída do avião já se pode ver o lago azul e as montanhas, coisa mais linda, gente!
Há opção de táxis por 50 pesos e transfers por 26 pesos por pessoa, se viaja sozinha a dica é pegar esse transfer no desembarque, perto da esteira das malas.

Lá escolhi o Hostel I Keu Ken: RECOMENDADÍSSIMO  Pessoal super alto astral, uma vista linda da cidade, limpo e prático, fechei todas as excursões com eles e paguei tudo no check out, não tenha medo que não há diferença de preços nos passeios, é tudo tabelado, quem for pra lá manda um abração meu pra Fede da recepção, super gente boa!

O único porém é que este hostel não fica no centro, tem que caminhar um pouco para chegar, não foi um problema porque fiz excursões que duravam o dia inteiro, me buscavam e me deixavam lá, tinha um supermercado ao lado e era perto da rodoviária, no dia que quis sair de noite para jantar, desci andando - pra descer todo santo ajuda rs - e voltei de táxi por apenas 8 pesos.

Comer em El Calafate é caro, média de 70/80 pesos o almoço/janta. É possível encontrar lugares mais baratos, mas tem que pesquisar com paciência, um dia encontrei um restaurante no caminho para a reserva ecológica que saiu bem em conta, chama La Cucharita, o menu do dia custou 53 pesos (refrigerante, uma empanada, prato principal e sorvete).

Para mim pareceu uma região com muitos turistas europeus, vi mais coroas nas excursões do que em qualquer outro lugar que já conheci, as cidades do sul têm um charme especial, são limpas e super direcionadas ao turismo, e tudo isso influencia nos preços.

Escolhi 2 excursões na cidade: mini trekking no perito moreno e navegação por todos os glaciares.

O mini trekking é imperdivel, foi uma sensação única estar lá, me aproximar de fato do glaciar, andar, tocar nele! Vi alguns comentários que me desanimaram um pouco, que era uma excursão sem aventura, no estilo cvc e tal, mas eu não me arrependi nem por um minuto, valeu a pena cada salgado centavinho, acho um desperdício ir lá e não fazer esse passeio!

O ônibus da excursão passa bem cedo no hostel - é lindo ver as cores da cidade amanhecendo - e nos leva para o Parque Nacional. Lá pagamos a taxa de 75 pesos e pegamos um barco, eu baiana atrevida fui logo para a parte de cima: não fiquei nem 5 minutos! MUITO vento,  isso é constante em toda patagônia, sempre venta muito e dá uma sensação de muito mais frio.

Descemos do barco e caminhamos uns 10 minutos até o glaciar, no caminho o guia explica algumas coisas, como por exemplo sobre a formação do glaciar, o porquê das cores, depois paramos no acampamento para colocar os crampons nos pés e temos uma rápida instrução de como caminhar no gelo: fazer passinho de pato - ficar com os pés abertos/virados para fora, ah não sei explicar! :P

No inicio da caminhada é difícil, dá um medinho, eu sou muito desastrada e me imaginava caindo sempre, principalmente quando passavamos perto dos buracos ou fendas, há umas que segundo o guia chegam a ter mais de 30 metros de profundidade, mas calma, não passamos por essas rs!

Caminhei sem nenhum glamour, no maior estilo "nos trupica, mas não cai", são 1:30 de trekking, e CANSA! No final rola o brinde com whisky com gelo do glaciar e alfajor: adorei!

Voltamos e tiramos os crampons, levei um tempo ainda caminhando no passinho de pato! Seguimos andando, agora por outro caminho, não mais pela margem do lago e sim por um bosque e paramos na base da "ilha" onde há uma estrutura para comer com mesas, cadeiras, há banheiros, mas  não vendiam nada lá, no programa da excursão dizia 'parada para almoço', logo imaginei que teria pelo menos uma lanchonete na tal parada! 
Fiquei esperando a galera prevenida comer seu lanchinho, por sorte tinha biscoito e água na mochila...

Depois dessa pausa para o "almoço", voltamos para o barco, ônibus outra vez e seguimos para as passarelas do perito moreno, de lá se tem uma visão incrível  se pode ver toda a extensão/imensidão/imponência do glaciar
Nessa área sim tem lanchonete, mas eu só queria saber de admirar o glaciar e nem dei bola para a fome! Uma hora e meia depois pegamos a estrada rumo a El Calafate, cansados e satisfeitos com o espetáculo vivido.

* Passagem Bs As - El Calafate pela Lan: R$ 298,46
* Diária do hostel: 50 pesos quarto para 4 pessoas.
* Excursão Minitrekking Perito Moreno: 525 pesos (450 pesos + 75 pesos taxa do parque)

De volta!

Faz uma semana que voltei e ainda sinto uma saudadezinha das férias, a viagem foi incrível  conheci lugares sensacionais, pessoas maravilhosas, aprendi um montão de coisas e tudo isso me deixou muito feliz! 

Confesso que ando bemmmm preguiçosa para escrever, no final foram 2 meses de viagem, muita coisa aconteceu e vou tentar resumir aqui, eu nunca anoto as coisas, pensei em tanta coisa interessante, mas obvio já esqueci de tudo rs, então vamos ver o que minha memória ainda é capaz de descrever...

Acabei indo para o sul mesmo e foi uma decisão bem acertada, tudo é tão lindo lá, eu as vezes parava e não podia acreditar no que via, mas como nem tudo é perfeito, tudo é tão caro lá, vou tentar colocar os preços das coisas mais importantes para vocês terem uma noção de custo!

O roteiro feito foi Buenos Aires - El Calafate - El Chalten - Ushuaia - Buenos Aires - Montevideo - Colonia - Buenos Aires. 

Na patagônia os trechos foram feitos de avião, pesquisem bastante nos sites das empresas aéreas Lan e Aerolineas Argentinas.

Já para o Uruguai fui de barco, dica importante: planeje sua viagem com antecedência de 10 dias e a tarifa pode sair pela metade do preço, infelizmente eu não consegui fazer isso, descobri uma empresa chamada Seacat que tem ótimos preços e barcos rápidos, antes só conhecia o Buquebus e Colonia Express.

Passei um mês em Buenos Aires, fui novamente em todos os pontos turísticos clássicos e outros que não tive a oportunidade de ir da outra vez, como por exemplo o Jardim Botânico, Jardim Japonês, Malba, Reserva Ecologica de Puerto Madero - recomendo uma caminhada lá se tiverem tempo disponível, é uma paz, parece que você sai da cidade em apenas alguns minutos, Yacht Club de Olivos, Bairro Chino, Feira da Recoleta dia de domingo - super recomendo também, lá tem coisas legais para comprar e muitos artistas de rua, músicos, adorei passar a tarde toda lá sentada na grama, fica ao lado do Shopping Buenos Aires Design e Cemitério da Recoleta, além de muitos bares e boliches novos.

Buenos Aires é uma cidade que já tem mil dicas e informações na net, apesar de ser o lugar que melhor conheci - já me sentia nativa rs - vou pular logo para os relatos das outras cidades desse mochilão...

Antes de viajar tinha muita dúvida em relação as roupas necessárias para o frio, o "verão" patagônico é realmente louco, muita gente dizia "é frio, mas não muito, então não precisa de roupas especiais", outros diziam "precisa de casaco tipo fleece, roupas térmicas", eu sinceramente não fazia ideia desses tipos de roupa e me joguei no Google.

Aqui em Salvador era tudo muito caro e deixei pra comprar na Argentina, saiu bem mais em conta, metade do preço!

Um amigo me indicou uma loja que vende coisas para o exercito, infelizmente não lembro o nome nem endereço, lá era tudo muito barato mesmo, mas nada muito bonito, depois fui no outlet da Montagne na Avenida Córdoba, uma marca argentina de roupas esportivas que eu amei, e por fim em El Calafate encontrei outra loja dessa marca e comprei mais coisas!

Vamos as compras: calça e blusa térmica, meias para trekking, casaco tipo fleece, calça para trekking, gorro e luvas! Isso me saiu 500 pesos, aqui sairia 450 reais! 
O mais caro é o casaco impermeável/corta vento - extremamente necessário! - que vende a partir de 300 pesos, mas por sorte eu já tinha um, e o tennis para trekking também impermeável é muito útil, eu não comprei, usei tennis normal mesmo, não tinha certeza se ia para El Chalten ainda e não quis gastar dinheiro, no final fez falta.

Usava sempre 3 ou 4 camadas de roupa: uma camiseta, a camisa térmica,  o casaco fleece e o impermeável  toda instrução de trekking dizia para vestir-se como "cebola", pois o tempo muda sempre, em uma única hora pode nevar, chover, fazer sol, neblina, vento, daí é necessário estar com uma mochila para guardar as roupas que fica tirando e botando.